quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Adriana Varejão - Linda do Rosário



Adriana Varejão utiliza a pintura como suporte para a ficção histórica e a exploração de temas como a teatralidade, o desejo e os artifícios presentes no barroco. Em suas obras tridimensionais, rupturas na tela apresentam um interior visceral sangrento, formado de elementos escultóricos ou arquitetônicos. Nos trabalhos recentes, a artista desenvolve ambientes virtuais geometrizados que remetem a açougues, botequins, saunas, piscinas e banheiros, em que retoma questões intrínsecas à pintura como profundidade, espaço e cor. Através da releitura de elementos visuais incorporados à cultura brasileira pela colonização, como a pintura de azulejos portugueses, ou a referência à crueza e agressividade da matéria nos trabalhos com “carne”, a artista discute relações paradoxais entre sensualidade e dor, violência e exuberância. 
No seu trabalho, difícil de classificar disciplinarmente, a carne, o sangue e, sobretudo a pele enquanto lugar que une ou divide interior e exterior, revelado e oculto, ganham com freqüência uma condição metafórica ou transformam-se em imagem forte de uma cultura que traz a violência e o sacrifício inscritos na matriz.
Talvez por isso, o seu horizonte estético seja o de uma beleza sanguínea, capaz de sobrepor erotismo, sublime e morte que, em vez de se apresentarem como elementos contraditórios, se tornam interdependentes. Existem rumores de historias que inspiraram a artista no feitio da obra Linda do Rosário, como o desabamento de um bordel numa favela onde um casal fazia amor, e a posterior mistura de carne e paredes.

Linda do Rosário, 2004
Alumínio, poliuretano e tinta a óleo
195 x 800 x 25 cm
Obra exposta no Museu do Inhotim:  http://www.inhotim.org.br/arte/exposicao/obraPerm/129
Outras obras da artista:  http://www.adrianavarejao.net/site#/

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Performance II

Stitcher Grupo

É só arrastar o cursor pela imagem!  ^^

Percepção Stitcher individual

Nave Deusa - Ernesto Neto

Ernesto Neto expande a prática da escultura utilizando-se, na maior parte das vezes, de tecidos com elasticidade, temperos e isopor como principais materiais, e a força da gravidade como elemento determinante. A interação física é outro aspecto fundamental de seu trabalho. O espectador é convidado a participar ativamente, tocando, cheirando ou adentrando o espaço da escultura. As formas orgânicas relacionam-se com a observação do corpo como representação da paisagem interna do organismo, ou numa analogia entre o corpo e a arquitetura.
Só na última década, ele participou de diversos festivais internacionais de arte e apresentou seus trabalhos em galerias e em museus dos cinco continentes. Sua inspiração vem parcialmente de brasileiros do neo-Concretismo do final da década de 1950 e início da década de 1960, como Lygia Clark e Hélio Oiticica, e das idéias rejeitadas do modernismo de abstração geométrica, que pretendiam equiparar a arte com organismos vivos em uma espécie de arquitetura organica, e convidam o espetador a ser um participante ativo.
Ernesto Neto realiza ainda um outro grupo de trabalhos nos quais revela a vontade de capturar o corpo humano no interior das esculturas, como ocorre com Humanóides (2001), nas quais o espectador "veste" a escultura, o que transmite uma sensação de conforto e aconchego. Em trabalhos apresentados entre 2002 e 2003, ele utiliza basicamente luz e tecidos. Cria superfícies de lycra, dentro das quais o espectador pode caminhar, ficando imerso em campos de cor. O tecido deixa de ser o recipiente para os pigmentos e tornar-se, simultaneamente, matéria e cor.
O artista cria em suas obras espaços de intercâmbio, que solicitam do espectador a superação da experiência meramente visual, aguçando seus sentidos. O corpo prevalece como eixo de sua proposta. Emprega constantemente formas que se tocam no espaço, estabelecendo sugestões de sensualidade e de união física, presentes em grande parte de sua produção.
Cada elemento constitutivo exerce função indispensável para manter o conjunto coeso, seja pelo poder de induzir ou sofrer alterações, seja pela faculdade de criar resistência ou canalizar energia de tração. Partindo da alteração da superfície, dá-se o acontecimento: através dos fios tracionados desencadeia-se o fluxo constante de energia vital em todos os sentidos. Tensão, força, resistência, equilíbrio são resultados de cálculos intuitivos que o artista torna possível no embate corporal com o material. A estruturação do trabalho requer movimentos precisos, pois há risco sempre presente de uma catástrofe iminente. Qualquer gesto abrupto ou mal calculado, qualquer modificação não estudada desequilibra as forças vetoriais e o trabalho pode ruir. Desfeita a tensão, o acontecimento não se concretizaria.
A tensão levada ao limite, a fragilidade e a dinâmica das estruturas são comprovadas quando o trabalho é tocado. Há então um entendimento físico-estrutural da obra, onde a forma é conseqüência das necessidades funcionais e os materiais preenchem quesitos de peso, elasticidade e resistência.
Na parede do ambiente doméstico montado por Ernesto Neto na Galeria Artur Fidalgo, em Copacabana, há uma frase escrita à esferográfica: "idéia é isso que cabe dentro".
Os pingos que caem, as formas no chão, são como se o espaço se bastasse a si mesmo, fosse dinâmico sem a interferência dos visitantes que por ele andam, o próprio espaço criando ao se criar.


Nave Deusa
Ernesto Neto - Nave Deusa, tule de lycra, areia, cravo da índia e isopor, 500 x 950 x 690 cm, 1998. Foto: Eduardo Eckenfels



Obra exposta no Museu de Inhotim  http://www.inhotim.org.br/arte/obra/view/182

domingo, 12 de setembro de 2010

Estratégias de Apropriação do Espaço






















PARKOUR





Parkour é uma atividade física difícil de categorizar. Não é um esporte radical, mas uma arte ou disciplina que assemelha-se a auto-defesa nas artes marciais. De acordo com o fundador David Belle, o espírito no parkour é guiado em parte a superar todos os obstáculos em seu próprio caminho como se estivesse em uma emergência. Você deve mover de tal maneira, com quaisquer movimentos, para ajudá-lo a ganhar a maior vantagem possível de alguém ou em alguma coisa, quer seja escapando daquilo ou caçando em direção a isso. Assim, havendo um confronto hostil com alguém, as opções são conversar, lutar ou esquivar. Assim como as artes marciais são uma forma de treinamento para a luta, parkour é uma forma de treinamento para a fuga. Devido a dificuldade em categorizá-la, os praticantes freqüentemente colocam-na em sua própria categoria: "Parkour é Parkour".
       Uma importante característica desta disciplina é sua eficiência. Um praticante não só se move o mais rápido que puder, mas da maneira energeticamente mais econômica e o mais diretamente possível. Eficiência também envolve evitar ferimentos em curto e longo prazo, o que explica o lema não-oficial être et durer (ser e durar).
Sem limitações de espaços para ser praticado, o parkour é acessível a todos, possibilitando o auto-conhecimento do corpo humano e mente como o desenvolvimento da força, resistência, coordenação motora, ao mesmo tempo que desenvolve a concentração, força de vontade, determinação e coragem — qualidades que favorecem o bem estar e a qualidade de vida, educando jovens ávidos por novas experiências. Um traceur ou traceuse é potencialmente um ótimo praticante de outras atividades físicas que necessitam de auto-controle, agilidade,destreza, força, raciocino rápido e observação.




















Deriva















Forma interessante de explorar o cotidiano da cidade e construir um conhecimento crítico sobre os usos dos espaços urbanos. Modo de comportamento experimental ligado às condições da sociedade urbana: técnica da passagem rápida por ambiências variadas. “As grandes cidades são favoráveis à distração que chamamos de deriva. A deriva é uma técnica do andar sem rumo. Ela se mistura à influência do cenário. Todas as casas são belas. A arquitetura deve se tornar apaixonante. Nós não saberíamos considerar tipos de construção menores. O novo urbanismo é inseparável das transformações econômicas e sociais felizmente inevitáveis. É possível se pensar que as reivindicações revolucionárias de uma época correspondem à idéia que essa época tem da felicidade. A valorização dos lazeres não é uma brincadeira. Nós insistimos que é preciso se inventar novos jogos”.



Flaneur

























        É um ser errante, um vagabundo, alguém que deambula pela cidade sem propósito aparente, mas seu intenso observar que está secretamete em harmonia com a sua história e numa busca velada de aventura, seja ela estética ou erótica.



         O flâneur é um  observador que  caminha  tranqüilamente pelas  ruas,  apreendendo  cada  detalhe,  sem  ser notado, sem se inserir na  paisagem, que busca uma nova percepção da cidade. E para situar a curiosa figura  do  flâneur no  tempo,  é preciso  entendê-lo, antes de  tudo,  como uma  figura nascida na modernidade.  Ele  apareceu  omo  o  contraponto  do burguês, que dedicava grande parte do seu  tempo ao mundo dos negócios. A flânerie conseguiu solidificar-se  como  a  experiência  própria  daquele  que gostava  de  perambular  pelas  ruas  pelo  simples prazer de observar ao seu redor; que não devia satisfações  ao  tempo  e  tinha  a  rua  como matéria prima e fonte de inspiração. Mas não se pode tentar definir o flâneur sem mencionar o universo da obra do poeta francês Charles Baudelaire, na  qual  este  errante  e misterioso  ser teve sua gênese determinada. Nesta, é marcante o aspecto que trata das relações entre os fenômenos urbanos  das multidões  e  a  experiência  vivida  e transmitida  pelo  escritor  através  de  sua  fort e expressão poética. Segundo ele, a multidão seria a usina de força do flâneur; isso estaria evidente em alguns de seus poemas, como Les petites vieilles e A une passante, que traduzem a idéia do burburinho urbano e da passante que, após  ser minuciosamente observada e estudada pelo autor, corre o risco de nunca mais ser vista por ele. É durante o dia que os aspectos mais característicos da modernidade  tendem a  revelarse; é quando a multidão se refaz, se consolida e a máquina a vapor põe-se novamente a produzir em larga  escala para abastecer a  cidade  faminta  de significados. É um cenário perfeito para o aparecimento dessa figura que  está  em  todos os  lugares  e ao mesmo tempo em nenhum lugar. Entre todos, porém sozinho. Esse ser aparentemente  indecifrável, que é o flâneur, dividido entre o encantamento e o temor da cidade.


          Flash Mob









          


Em inglês, Flash Mob é a abreviação de “flash mobilization”, que significa mobilização rápida, relâmpago. Trata-se de uma aglomeração instantânea de pessoas em um local público para realizar uma ação previamente organizada. Para efeitos de impacto, a dispersão geralmente é feita com a mesma instantaneidade.



No pants


























Pillow Fight







sábado, 11 de setembro de 2010

OI - FAD


FAD é o festival de artes digitais q esta ocorrendo em Belo Horizonte do dia 02.09 ao dia 03.10. Esse ano o festival chega à sua 4ª edição e traz ao Brasil artistas de todo o mundo. Contando com o patrocínio da Oi e apoio cultural do Oi Futuro as, atividades do FAD Simpósio e Laboratório, do FAD Galeria e do FAD Performances serão realizadas na Galeria de Artes Visuais do Oi Futuro, Teatro Klauss Vianna Oi Futuro e Multi Espaço Oi Futuro. Já o FAD Webart terá como sede a Quina Galeria, espaço cultural localizado no Edifício Maleta, no Centro da capital. 
A exposição foi montada como um labirinto, e as salas vão sendo descobertas pelo caminho. O festival é interativo e cada sala traz uma novidade. 




Visita à Lagoa da Pampulha- Museu e Casa do Baile

Museu de Arte
Projetado para ser um cassino que foi inaugurado em 1943, a obra prima do modernista Oscar Niemeyer abriga hoje um museu situado na orla da Lagoa da Pampulha.
  O olhar que tivemos do local foi direcionado com base no livro "Lições de Arquitetura”, de Herman Hertzberger, e nos seus conceitos: forma convidativa; polivalência, flexibilidade e funcionalidade; articulação entre publico e privado; irregularidades; gradações de demarcações territoriais, entre outros abordados pelo autor. 
        Edifício é caracterizado por quatro dos cinco pontos da nova arquitetura de Le Corbusier, que são: Planta Livre - através de uma estrutura independente permite a livre locação das paredes, já que estas não mais precisam exercer a função estrutural. Fachada Livre-resulta igualmente da independência da estrutura. Assim, a fachada pode ser projetada sem impedimentos; Pilotis- sistema de pilares que elevam o prédio do chão, permitindo o trânsito por debaixo do mesmo e Janelas em Banda- possibilitadas pela fachada livre, permitem uma relação desimpedida com a paisagem. O ultimo ponto é Terraço jardim, mas nesse caso o jardim se apresenta frondoso na frente do museu feito por Burle Marx.
O atual museu apresenta integração total com o ambiente em que foi construído. A sua estrutura foi feita de tal maneira que parece estar flutuando.
O cassino recebia jogadores da alta sociedade de todo o país.  Espaços cuidadosamente pensados, e que as vezes passam despercebidos funcionam muito bem para um local de jogos e encontro. É o caso da parede de espelhos, a escada em espiral, a rampa no interior e a marquise na entrada, por exemplo. Fugindo dos modelos modernistas, o arquiteto faz nessa obra uso das curvas, que combinadas com as colunas, a torna mais leve, dando a impressão de estar flutuando a quem olha de longe.
O cassino funcionou até 30 de abril de 1946, quando o general Gaspar Dutra proibiu jogo em todo território nacional. Em 1957, passou a funcionar como Museu de Arte. Este, por sua vez, não recebe muitas exposições, pois a grande luminosidade e a disposição do espaço dificultam muitos tipos de exposições.

"Fiz este projeto em uma noite, não tive outra alternativa. Mas quando funcionava como cassino, cumpria bem suas finalidades, com seus mármores, suas colunas de aço inoxidável, e a burguesia a se exibir, elegante, pelas suas rampas."
 Oscar Niemeyer










Casa do Baile 


Situada numa ilha artificial, ligada por uma pequena ponte de concreto à orla, a Casa do Baile foi projetada com a finalidade de criar na Pampulha um espaço de diversão popular. Inaugurada juntamente com todo o complexo feito por Niemeyer em 1943, que incluía uma igreja, um cassino, uma casa de dança popular, um clube e um hotel, que não foi construído.
A edificação é marcada pelas curvas,
Como varias obras de Nyemeyer, a área de serviço é escondida do olhar do publico. No antigo cassino ela é colocada atrás da parede de espelhos. Já na Casa do Baile existem duas circunferências tangentes, onde a menor é aberta ao publico e o espaço entre o maior círculo e o menor, é reservado aos banheiros e serviços. Dos círculos se desprende uma marquise, marcada por curvas, o que parece dar movimento à estrutura.
Recentemente a casa passou por uma reforma, onde se rebaixou o teto. Isso fez com que a casa perdesse suas características originais da época em que foi construída.



Planta da Casa do Baile